Você sabia?

Apesar de nas últimas décadas ter sido registrado um aumento na presença de mulheres nos campos profissionais que envolvem inteligência artificial, data science e das STEM (ciências, tecnologias, engenharias e matemática), este número continua sendo muito inferior ao de homens, mesmo com o incentivo à inclusão de mulheres através de campanhas internacionais conduzidas por diversas entidades em diversos países.

Segundo o AI Now Institute, em 2019 apenas 24.4% do total de trabalhadores na área da ciência da computação era composto por mulheres, cujos salários eram equivalentes a 66% dos salários dos homens. Já o Global Gender Gap Report de 2020 do Fórum Econômico Mundial aponta que apenas 26% dos trabalhadores em ciência dos dados e IA são mulheres. Enquanto em 2020 na União Europeia somente 17% dos especialistas em tecnologia da informação e comunicação (TIC) são mulheres. No relatório Global Gender Gap Index 2018 do Fórum Económico Mundial baseada em dados do Linkedin de 2018 identificou que 78% dos usuários que informaram ter competências em IA são do sexo masculino. 

Dados apresentados pela revista Forbes em 2020, mostram que a participação das mulheres no mercado de trabalho nas ciências e na engenharia é superior ao número de mulheres buscando diplomas universitários nessas áreas. As mulheres representam 55% de novos graduados universitários e desse total, um pouco mais de um terço estão associados às áreas STEM. O Fórum Econômico Mundial mostra que apenas 3% das mulheres optam por cursos na área TIC e 8% escolhem cursos de engenharia.

No campo da pesquisa, dados de 2018 da Comissão Europeia mostram que, a nível mundial, as mulheres representam apenas 12% dos pesquisadores de IA, enquanto o relatório Global AI Talent de 2019 aponta que 18% dos autores que participam de conferências líderes em IA são mulheres. Destaca-se ainda que, dos 68 vencedores do Prêmio Turing, o equivalente ao Prêmio Nobel de Ciência da Computação, apenas três foram mulheres (2006, 2008, 2012). Na comunidade acadêmica, as mulheres representam 18% dos pesquisadores em IA da Universidade de Oxford com publicações enquanto na Universidade de Cambridge esse número cai para 15.6% no ano de 2019.

Estas e outras questões relacionadas com a superação dos desequilíbrios de género existentes no acesso dos jovens e adultos às oportunidades de carreira e desenvolvimento pessoal foram debatidas no webinar “Desafios de género no mercado de trabalho” realizado no último dia 12 de março, no âmbito do projeto O’Bias liderado pela Universidade de Aveiro. O evento contou com a participação de Carla Eliana Tavares, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE); de Fátima Alves, presidente do Conselho de Administração do Porto de Aveiro, e Mário Rodrigues, da Comissão Executiva da UNAVE - Associação para a Formação Profissional e Investigação da UA e professor da UA e teve o apoio da Inova-Ria Associação de Empresas.

O gráfico a seguir mostra o percentual de artigos com pelo menos um autor do sexo feminino enquanto a tabela traz um comparativo de Portugal e União Europeia sobre a empregabilidade e as competências especializadas das mulheres.
 

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Fonte: Adaptado do Relatório Gender diversity in AI research, 2019.

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Fonte: Adaptado de Women in Digital Scoreboard 2020