Porque é que a educação precisa de reinventar-se?

A transformação digital traz a disrupção de padrões e o surgimento de novos paradigmas sociais, económicos e culturais que vão remodelar a forma como vivemos, consumimos, trabalhamos e aprendemos. Como consequência, novos modelos de oferta de produtos ou serviços são esperados. Desta forma, as organizações dos diferentes sectores de atividades são pressionadas a reinventar-se. 

O setor da educação não é alheio a estas tendências de transformação. Pelo contrário, o setor educacional é um dos mais pressionados para se reformular já que, segundo o World Economic Forum, a digitalização dos processos tem como uma das principais consequências uma alteração e revisão das competências necessárias para os contextos de trabalho, ou seja, o novo mundo digital exige um rápido reexame da força de trabalho para acompanhar as mudanças tecnológicas.

Assim, torna-se urgente rever as diretrizes e bases de sustentação da missão educacional. Até porque, a realidade do mercado de trabalho já apresenta uma procura imediata por profissionais que tenham formação capaz de atender ao dinamismo da transformação digital. Esta nova formação deve ir para além da técnico-especialista e prioriza, principalmente, o desenvolvimento de competências comportamentais.

Os sistemas de educação precisam estar alinhados com as competências emergentes e mais procuradas pelos empregadores, com um foco distinto nas competências comportamentais, assim como na capacitação técnica de qualificação.

A tabela 1 mostra algumas das tendências tecnológicas que estão a transformar a educação tradicional.

Tecnologias/tendências	Descrição/Vantagens
Ralidade virtual/Aumentada	A realidade virtual e aumentada é uma grande tendência para educação. Aplicativos de realidade virtual permitem que os alunos possam viajar, explorar, criar e até realizar experiências em ambientes virtuais a partir da sua cadeira.    Alguns exemplos promissores incluem: InMind, Apolli 11 VR, Anatomia 4D, Unimersiv, etc.
Equipamentos/ Labs Digitais	A aprendizagem de códigos permite o desenvolvimento de uma série de competências essenciais no mundo contemporâneo, além de melhorar a interpretação de informações, formando pessoas mais preparadas para os desafios da era digital. Alguns equipamentos implementados na rotina das escolas são os notebooks e tablets, além do uso Laboratórios  tecnológicos.
Inteligência Artificial	Através da Inteligência Artificial é possível antecipar dificuldades que os estudantes e formandos possam vir a ter em diferentes conteúdos e diagnosticar problemas mais sérios de aprendizagem. Além disso, as tecnologias permitem dispor de tutores virtuais, tirar dúvidas e ter um acompanhamento mais individualizado. Alguns exemplos promissores incluem: Chatbot, BRÖ, Aipoly Vision, etc.
Gamificação	O potencial da gamificação na educação é imenso. A utilização dos recursos dos jogos ajuda a despertar interesse, aumentar a participação, desenvolver criatividade e autonomia, promover diálogo e resolver situações-problema. Alguns exemplos dominantes incluem: Ballons, Minecraft, etc.

 

No mercado do trabalho, as empresas e organizações procuram constantemente profissionais que consigam ter um desempenho técnico e relacional correspondente às suas necessidades para que seu negócio se mantenha sustentável. São as instituições de ensino que formam os profissionais para atuarem na nova realidade digital.

O papel das instituições de ensino deve ser sempre o de construir soluções viáveis que sejam capazes de gerar diferencial competitivo através da construção de programas educacionais sustentáveis focados na formação de alunos, mas também no sucesso do estudante.

São também as instituições de ensino que protagonizam a transformação social e económica através da educação ao viabilizarem novas formas de cumprir a sua missão primeira: formar profissionais para a nova realidade do mundo do trabalho.

Inicia-se assim, junto com a era digital, uma nova era no sistema educacional.

Fontes:

Chassignol, M., Khoroshavin, A., Klimova, A., & Bilyatdinova, A. (2018). Artificial Intelligence trends in education: a narrative overview. Procedia Computer Science, 136, 16-24.

Brown, A. H. (1999). Simulated classrooms and artificial students: The potential effects of new technologies on teacher education. Journal of Research on Computing in Education, 32(2), 307-318