Os impactos diferenciados e assimétricos da pandemia no mercado de trabalho

O mercado de trabalho foi significativamente afetado com a pandemia. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima-se que 114 milhões de pessoas no total tenham sido afetadas. Além disso, pondera-se que houve uma perda de 8.8% das horas de trabalho em todo o mundo, o equivalente a 255 milhões de empregos em tempo integral, em comparação ao último trimestre de 2019. Além disso, a OIT projeta uma queda na renda global 4.4 % do produto interno bruto global. As mulheres foram mais afetadas que os homens na pandemia, com uma perda de emprego de 5% enquanto a perda para os homens foi de 3.9%.

Em termos setoriais os impactos são porém diversos e assimétricos. Destacam-se os negócios na área do alojamento e da restauração que sobressaem como os mais afetados, com registros de redução nos empregos na ordem de mais de 20%. Por outro lado, os setores associados às tecnologias de informação e comunicação, bem como o setor financeiro apresentaram já taxas de crescimento no segundo e terceiro trimestres de 2020.

Um olhar internacional permite encontrar pontos críticos que são transversais às diferentes economias mundiais. Conforme dados do Instituto Catho, o Estado de São Paulo no Brasil apresentou um crescimento na oferta de vagas para algumas áreas profissionais como o caso dos cientistas de dados + 671%), 517% para programador.NET, 460% para devOps, 97% para programador web e de 60% para programador ADVPL. Este aumento significativo é apontado como um resultado direto da aceleração da transformação digital devido à pandemia.  

Cenário de crescimento também foi observado no Reino Unido. Dados do Tech Nation e do Government’s Digital Economy Council indicam que houve um aumento de 50% nas vagas disponíveis para o setor de tecnologias a partir do mês de julho de 2020, considerado o pior período. Desde agosto, foi registada uma taxa de crescimento mensal de 2.6% atingindo 75.353 vagas disponíveis. 

Segundo dados da Eurostat, na União Europeia houve um registro de crescimento de 6.6 % no número de pessoas empregadas nos setores de informação/comunicação, finanças/seguros e serviços imobiliários. Além disso, a maior parcela (20.3 %) do total de empregados pertence ao grupo que engloba as áreas de ciências, engenharia e de tecnologias de informação e comunicação. Outro dado a se destacar é que a partir de outubro de 2020 também foi observada uma redução de 23% nas vagas tradicionalmente apelidadas de “difícil preenchimento” pelas suas competências qualificadas. Embora, essa redução tenha sido menos expressiva em Portugal, Alemanha e Bélgica ainda apresentam dificuldades encontrar trabalhadores para suprir as vagas em tecnologia.